Leh Rodrigues

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Delírio no Outro Lado do Éden – Leh Rodrigues


Delírio no Outro Lado do Éden – Leh Rodrigues


Da minha essência fiz nascer o sol
E um brilho de arrebol nos olhos seus
Te dei o paraíso, a perfeição e coração.
Te dei tudo menos o que era meu

Te deu o céu como abrigo
E seu corpo se vestia de pureza
Até quando vou me dobrar aos seus delírios?
Sinto meu corpo ácido

Quatro rios que corriam
Saciavam a sede do seu lar
Á noite te ofertava a lua,
Era sua em cada luar

A lua lhe ofertou suas pérolas de vidro
Como usura pela tua beleza.
E toda a sua vítrea formosura
Refletiu a tua pura e doce natureza

As estrelas diante de tua glória
Se curvaram como damas de companhia
As flores aspiravam sua pele
Fosse o dia sua noite ou a noite o seu dia

Das fontes do delta até o umbigo
Seu corpo vesti de pureza
O céu te dei como abrigo,
Há cada manhã haveria uma certeza

No jardim da vida
Tudo era festa de existência
No meio da obra de um Deus Rei
Havia a tentação da ciência

O belo se conformava a sua silhueta
Por todo o lado o paraíso
Em cada canto, havia um canto
Que encantava seu sorriso

As cores primárias a sua volta
Eram verdes, azul e amarela
Seus olhos, cabelos e tez
Eram parte dessa aquarela

Te dei as riquezas da minha alma
Te dei o infinito e todo ouro de Ofir,
Cantei versos de poesia  
E nem assim quis me ouvir

Então um sussurro de serpente
Que de tão atraente tomou conta do ar
Deslizando pela árvore da vida
Te prometeu o que não pude dar

Tanto a descobrir,
Tanto para desejar
Essa sombra te fez ver
O que ninguém podia enxergar

Então o doce se fez amargar
Teus olhos seduzidos se apagaram,
Como uma folha da árvore da vida
Caída no outono, seus sonhos secaram

E no leste da entrada,
Há poder de querubim
Uma espada chamejando
Te libertou do meu jardim

Espinho é o que te resta
Nesse vale de abrolhos.
Onde o amor mais puro
Já não contempla os seus olhos  

O doce fruto de sua ambição
Desceu pela minha garganta como absinto
Agora eu sinto do meu infinito
Tua eterna ausência





A Outra Rosa - Leh Rodrigues




                                                   
        
    
A Outra Rosa - Leh Rodrigues









Que o dia venha como açoite
Levando a noite
A fugir do coração
Que esse dia seja de luz
E compreensão

E o amor não se sinta banido
Como bandido feroz e voraz
Que a infame rosa pereça 
Nos campos da paz

Vamos juntos
Plantar a rosa da paz
Já é hora
De matar a rosa fugaz

Com amor no peito
Ela não brotará jamais
Agora é hora
De cultivar a outra rosa

Que o ódio seja fugitivo
Levando consigo
A dor e o sofrer
E um anjo nos mostre
O jardim em que se deve viver

O homem que vive aflito
Fuja do conflito
Da rosa de gás
E plante somente sementes 
Da rosa de paz

Lutem pela paz
Vivam pela paz
Já é hora
De deixar brotar
A outra rosa

Vem cultivar a outra rosa
Deixa brotar a outra rosa