Leh Rodrigues

domingo, 18 de novembro de 2018

Desculpe-me - Hudson Alexandre





Desculpe-me – Hudson Alexandre  

Desculpe-me a injustiça
Minha indignação.
Desculpe-me a suscetibilidade
Minha força de expressão.

Desculpe-me o melindre
A verdade da minha emoção.
Desculpe-me a mediocridade
A inteligência da minha argumentação.

Desculpe-me a autoridade
A minha justa reação.
Desculpe-me a falsidade
O dolo no meu coração.

Desculpe-me o perfeccionismo
Minha falta de perfeição.
Desculpe-me a ambiguidade,
Se minha sinceridade não vira canção.

Desculpe-me a alegria,
Se choro ao invés de sorrir.
Desculpe-me a tristeza,
Se me levanto ao invés de dormir 

Desculpe-me a humildade
Se dorme em mim a altivez
Desculpe-me a indiferença
Que mais parece uma surdez.

Desculpe-me a sensatez
O meu senso sem razão.
Desculpe-me a lucidez,
A loucura no meu coração.

Desculpe-me o despeito
Se não respeito certo abraçar.
Desculpe-me a amizade
Se a falsidade tenta se disfarçar

Desculpe-me a liberdade
Sem a força da restrição
Desculpe-me a verdade
Se a mentira é invenção

Desculpe-me as desculpas
A indulgência da remissão.
Desculpe-me tantas culpas,
Onde desculpa não é perdão






quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Rosa Viva - Leh Rodrigues


Rosa Viva – Leh Rodrigues

Um alísio me envolve
Como um tornado medonho
Me levanta de assalto
E caio no asfalto como corpo em sonho

Dissolve meu juízo
Julgado insano em foro íntimo
Me deixa entregue, nonsense
Pobre sonhador: culpado ou inocente?

Pétalas em lágrimas se derramam sobre mim
Infinita fragrância decretando meu fim
No vestígio do tempo o solo me remove
O jardim no meu corpo aos poucos se dissolve

Sopra um nome em meu ouvido
Não duvido dessa flor
A brisa abre meu caminho,
Seu perfume seda a dor

Sopra a brisa feito milagre
Eu do vinho fiz vinagre
Mas um sonho lindo adorna a fé
Rosa viva no caminho me poe de pé

sábado, 2 de junho de 2018

Nos Olhos de Uma Mulher - Leh Rodrigues



Nos Olhos de Uma Mulher - Leh Rodrigues

Nos olhos de uma mulher,
Há um sonho de desejo.
Há um fogo que queima,
Intenso como um beijo.

Neles irradiam a luz em que nasce
A ânsia de um amor vermelho.
Como duas crianças más
Que se veem no espelho.


Pode-se ver naquele brilho
Todas as cores do mundo
E cada estrela que brilha
Nos sonhos de um vagabundo.

É possível ver
Todo um universo sem igual.
Não se vê o mal
Embora ele more lá.

Nos olhos de uma mulher,
A beleza nasce sem coração
Na força que aperta o peito
De um poeta jogado no chão

É possível sentir o gosto do mel
Que se derrama em véu do favo.
Sobre um paladar parvo
Como um doce em papel

Pode-se ver o mar calmo
Tocando o alvo horizonte
Quando sonolento se vai o sol
Para seu lençol de águas viciantes

Nos olhos de uma mulher
Existe uma coisa de redenção
Onde medra o amor e a vida
Como um lago raso de ilusão.

Escusa lua fria e tão longe, distante
Un homme non ouvre son couer
Ali há um lago negro de sombras.
Diante dos olhos de uma mulher.

Máscara - Leh Rodrigues



Máscara – Leh Rodrigues

É lisonjeiro e dissimulado
Máscara de sorriso escancarado
Gosta de tapinha na costa
Com a hipocrisia vive abraçado

Por aí vive a parolar
Cheio de veneno, cheio de razão
Com polida e sublime convicção
Coloca o amigo no chão

A inveja o veste como um manto
Doce avidez em língua macia
Que no fundo provoca indigestos:
Dor, tristeza e azia

Sempre preocupado e bem disposto
Motivado ao amigo aconselhar
Interessado mesmo está  em derrubá-lo
Para avidamente ocupar o seu lugar

Atolam-se na displicência
Arrogam-se obstinando a demência
Alma indignamente exposta e explícita
Implícita, no espírito da indigência

No meio da grande tertúlia
Ele rulha e se mantém escondido
E confundido, é raptor vera-efígie
Camaleão furta cor, que finge

Um falso amigo é doença
Que quebra nossa resistência
Vivência da amargurada angústia
Sintoma de uma triste existência

Sem Ela - Leh Rodrigues

E Se...Leh Rodrigues

Não Faz Sentido - Leh Rodrigues

A Outra Rosa - Leh Rodrigues

domingo, 7 de janeiro de 2018

Efeito Escorpião - Leh Rodrigues


                                                Efeito Escorpião – Leh Rodrigues


Vivo no escuro
No entulho da escura solidão
Peçonha em seta pontiaguda
Flecha desnuda entorpece a mão

Do veneno flui a dor
Do fogo a ira, o calor
No meu ódio as chamas
São mais humanas
Que meu letal golpe de horror

Neste úmido habitat
Fui feito escorpião
Não ataco em defesa
Eu pego de surpresa
Qualquer incauto cidadão

Meus verbos letais
Geram ais
Na voz da arrogância
Pico a mão da honra
E fico rindo à distância

Envenenei a verdade
De toda boa reputação
Sujo a honra de um nome
Ao machucar o coração

Sem pudor nem remorso
Nas lágrimas da ansiedade
Não sou feliz, mas sou juiz
Pra decretar a infelicidade

Por não ler o meu íntimo
Não vê minha emoção
Finjo-me de bom amigo
No abrigo  da boa ação

Ameaça-se a descoberta
Na luz da exposição
Prefiro a morte ao idílio
Aperto a gatilho
Em efeito escorpião