Leh Rodrigues

sábado, 29 de junho de 2019

Duas Crianças - Leh Rodrigues













Duas Crianças - Leh Rodrigues

Hoje vi duas crianças.
Nunca tinham se visto, completamente estranhas,
Mas conversavam como se fossem íntimas.
Seus olhares se cruzavam
De modo tão humanamente inocentes.

As palavras trocadas eram doces e sem conceitos.
Então percebi o quanto estou distante das pessoas,
Vi naquela inocência,
O abismo entre eu e o resto do mundo.

Queria ser como as crianças,
Sem medo de olhar nos olhos,
Sem medo de ver o coração da pessoa ao meu lado.
Queria ser a pureza daqueles olhos de inocência,
Que não vê a maldade no sorriso das pessoas.

Queria ser o sorriso na face sofrida de alguém.
Vi naquelas crianças, o que não vejo ao olhar o espelho.
Minha indiferença mata o que há de bom em mim.
Eu não entendo esse ser,
Que se limita a ver a beleza humana
Existente naqueles que passam por mim,

Que não são recompensados pelo sorriso que oferecem.
O coração endurece
Com o que há de mais moderno em nossa existência.
Cria resistência ao amor,

Como se um olhar fosse doença,
Como se o sorriso fosse ofensivo,
Como se o toque fosse uma afronta,
Como se todo gesto gentil, fosse uma ameaça.

Queria ser aquele momento infantil,
Sem essa vil sensação de medo e frio na alma.
Queria ser um pouco daqueles minutos
Tão distantes de minha vida real,
De meu dia normal.

Elas estavam tão longe dessa normalidade torpe,
E eu queria continuar lá
Só assistindo aquele lindo momento,
Em que a vida ensina a viver....

O Silêncio das Árvores - Leh Rodrigues





O Silêncio das Árvores - Leh Rodrigues

O silêncio das árvores.
Em um cemitério, a melancolia

Vejo o tempo passar
Como se estivesse na janela de um expresso.
Vejo a paisagem lúgubre em tons distorcidos,
Sinto no ar o odor fétido
Dos resíduos da cidade por onde ele passa

Os espaços parecem lúdicos e intermináveis
Há diante de mim um caminho sem volta
Onde as horas passam interminavelmente
Sem um pingo de piedade do meu corpo cansado
E da minha mente infinita.

Sombras e brisas dão sutil alivio a essa agonia
Que me tira de uma de uma doce ilusão
Árvores e nuvens encontram-se 
Num contraste de cores e efeito

O céu está cinza,
Como o meu dia
Vejo um morro estático passando
Pelo meu tempo,
Cruzando meu espaço
Chegando a lugar nenhum