"Sou apenas alguém comum que se atreveu a expressar espontaneamente o que vai na alma" Hudson Alexandre Rodrigues
Leh Rodrigues
quinta-feira, 3 de outubro de 2019
A Sala - Leh Rodrigues
A Sala - Leh Rodrigues
A sala está vazia.
Assim como vazia esta minha mente.
Meus olhos miram o vazio,
Vejo um pássaro passando rápido pela janela.
Ele leva nas asas meu breve pensar
Em direção do céu que apela pela chuva por cair.
Há grades que me fazem sentir encarcerado
Nesse cubículo cerrado de vida sem sentido.
Um calor súbito se ocupa de meu corpo.
Nem mesmo um copo d'água
É capaz de matar minha sede de vida.
O vento do ventilador alivia a dor
Que dorme em minha pele.
Num canto qualquer,
A ilusão está pronta para apagar meus sonhos
Como um extintor tem gana pelo fogo.
O livro dos céus descansa aberto
Na carta sagrada
Que me lembra de minha culpa,
Culpa que outrora perturbou a inocente mente romana.
Na mesa pousa um papel em branco,
Sem nada a dizer,
Esperando que eu assente a dor da minha poesia,
E a cadeira vazia, me lembra que estou sozinho,
Entregue num sofá surrado, cheirando a mofo e suor
Corpos cansados repousaram sobre ele,
Como se fosse um leito de alento,
Ou um divã de conflitos.
É um recanto de sombras e fantasmas.
No corredor da sala há uma escada,
Encimada, com um corrimão,
Que deixa em minha mão o pó do tempo.
Os armários guardam apenas papéis
Empoeirados de alguma história,
De uma memória bem guardada a sete chaves.
Vejo você nas fotos do meu celular.
Já não está há me sorrir como antes.
Quando o sol distante aquecia nossos sonhos ingênuos.
Olho pelas grades da janela que vão embaçando
E vejo que a chuva vem se precipitando sobre a cidade.
Vou dormir.....
A Cidade - Leh Rodrigues

A Cidade – Leh Rodrigues
Vejo cor incandescente
Nas alamedas
Labaredas de fogo
No peito da gente
No ar um cheiro velho
De gasolina
Em cada esquina
A justiça é transigente
O juízo rola
Ladeira abaixo
Como um pássaro faminto
Em voo rasante
Cabeças
Rodando a mil
E o senso de vazio
Já tão distante
Como sempre
A cidade
Está normal
Tudo exatamente
Igual
Quem é o rei
Descendo a escadaria
Transformando qualquer dor
Em euforia?
Caiu de bêbado o sonho
Nos becos morrem mundos
Tão estranhos
A cultura juvenil
Vem no som dos mc’s
A luz inebriante é do neon,
Atrás de mim
O ventre popular
Regurgita
E a vida recomeça
Todo dia
Mais aflita
De um lado a burguesia a passear
Do outro, miséria na sarjeta
O luxo diz que o lixo incomoda
Mas o lixo é o luxo da moda
A cidade
Está normal
Tudo exatamente
Igual
A Gente Não Sabe - Leh Rodrigues

A Gente Não Sabe – Leh Rodrigues
Não é um mistério
Talvez um milagre
Pode ser ilusão
Ou uma miragem
Um pássaro
Que foge do frio
Na busca constante
Do ninho vazio
A gente não sabe
Onde procurar
Se na simplicidade
Ou em outro lugar
Nos guetos sombrios
Onde há esperança
No corpo que espera
A última dança
As coisas do céu
A solidão de uma ilha
A lua de mel
Ou no sorriso da filha
A gente não sabe
Como encontrar
Mas a felicidade está
Onde menos se espera
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
A Volta da Lua Rosa - Leh Rodrigues
A
Volta da Lua Rosa - Leh Rodrigues
E a lua rosa estava lá no céu claro às 7:00 da manhã,
Reavivando meus sentidos,
E meu desejo de viver languidamente esse dia.
Eu via um céu azul
No meu pensamento nu,
Exposto, escancarado.
Novamente estou na mesma cena,
Vendo as mesmas pessoas
Que nunca vi,
Como num sonho ou um dejavu.
Parece que estou debruçado
Na janela da vida,
Vendo a vida passar
Vendo secar a seiva da minha carne.
Essa lua vai me matando aos poucos
Com sua canção plangente,
E eu doente de amor,
Carente das mãos suaves da compaixão
Esse céu não se abre para mim,
Nem me dá o roteiro
Do que eu sou por inteiro.
Há um lado escuro,
Assim como é escura a costa dessa lua.
Não há em mim um mar de tranquilidade,
Apenas lacunas, crateras e vaidades
Quisera entender a sua luz rosa,
Que reflete em meus olhos,
Fonte de minhas ilusões
E porta de tantas obsessões vis.
Aos poucos ela dará lugar ao sol,
Que aos poucos irá secar sua cor,
Com a luz incandescente do zênite,
Que não mente,
E que fará renascer o ânimo de algum ser
Que desistiu de ver raiar mais um dia...
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