Expiação
- Leh Rodrigues
Uma vida inteira de perdão,
Não será suficiente para apagar
seus pecados.
Um oceano inteiro de misericórdia,
Não encobrirá sua culpa.
Um universo imenso de
indulgências,
Jamais irá expiar o peso da sua
consciência.
Seus pés caminham sobre plumas de
chumbo.
Tem um lobo tatuado na alma
E a sombra de uma ovelha no
coração.
Com as asas do devaneio,
Seus olhos percorrem com volúpia
Os deltas entre os dois pilares
nus de edifícios sedutores.
Esperando que cachoeiras gozem sem
parar
Numa queda livre de águas em
tormento.
Esperando que olhos pagãos te
queimem
Com a febre do verão em picos
gêmeos e montes simétricos.
Imagens deturpadas se formam no
horizonte da sua mente perturbada.
Ele se esconde em cavernas escuras
em algum recôndito de sua mente.
Levita nas profundidades de um mar
lamacento
Que o impede de emergir à
superfície em busca ar
Então se lembra do dito
proverbial:
"Bebe água da tua própria
cisterna"
E sente a sombra da expiação sobre
sua alma
Anda pela vida como os cães
errantes da cidade
Caminha sobre um rio de sangue
Suas pegadas vão ficando impressas
no tempo
Nunca foi capaz de guiar um cego
por um caminho de luz
Vermes inquietantes da escuridão
corrompem suas entranhas
Voa ser alado, para algum lugar do
passado,
Resgata as indulgências dessa alma
perdida....
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