Leh Rodrigues

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Marionetes e Fantoches - Leh Rodrigues

 Marionetes e Fantoches - Leh Rodrigues
Eles vivem em um cenário surrealista.
Um teatro a céu aberto, onde sustentam-se máscaras como em um baile de Veneza.
Onde a falsa beleza impera nas vitrines coloridas da vaidade.
Onde roubam a inocência das almas desarmadas.
É um cenário onde não há mais idealismos reais e onde os discursos de igualdade não saem realmente do coração.
Um teatro de fantasias e ilusões se apresentam a eles, uma plateia anestesiada, extasiada, entorpecida pelo ópio das expectativas que nunca alcançam.
Esse é o mundo deles.
Esse é o mundo, que molda o ser, a partir do fio umbilical, da palmada arbitrária que faz entrar pelas entranhas o primeiro sopro de ar, o primeiro choro, que dá início a vida. 
Doravante, teorias e práticas, verdades e mentiras, vícios e virtudes se ocuparão deles, formando a sua humanidade.
Nas suas instituições serão doutrinados para o bem coletivo.
Ouvirão discursos sobre liberdade e outros clichés que darão sentido a sua jornada.
Em alguns lugares, muitos não terão esse privilégio, pois não haverá sequer comida para a formação biológica.
Quanto mais demagogias de formação de caráter social.
Eles têm bons professores que patinam em meio a esse círculo vicioso de ideias e inovações. Mas eles mesmos não passam de vítimas do sistema.
É um mundo em que marionetes e fantoches governam, sob o cetro de príncipes covardes que vivem escondidos nas cavernas do imaginário secular.
São como serpentes do deserto, camuflados, esperando o momento do bote.
Eles vivem em um cenário de belos arranha-céus mundo afora, disputando entre si a proeminência dos gananciosos e soberbos.
Um mundo onde a burguesia, religião e política vivem um ménage.
Embora seja uma relação estéril na terra da justiça, produzem filhos corruptos no solo da maldade.
É um mundo onde a globalização leva a realidade pela mídia, mas estão todos entorpecidos no seu mundo particular para fazer mais do que chorar as desgraças mundo afora.
A indiferença seca suas lágrimas e voltam ao leito, como se fosse um divã da consciência.
Todo o seu desenvolvimento humano é creditado a uma teoria de seleção natural e explosão espontânea, como se criação e criador fossem a mesma coisa, ao mesmo tempo do outro lado o caos espontâneo impera em solo sagrado.
Eles labutam na esperança de um futuro melhor para sua prole. Eles morrem aos montes, como moscas ingerindo pesticidas, e ainda assim sentem-se, indestrutíveis, como se fossem imortais. Sobrevivem de filosofias de autoconhecimento, se alimentam da luxúria, da carne podre da sua cultura de vanguarda.
Há um cheiro podre no ar, há um cheiro de enxofre vindo do mar...

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