Um Que Chora – Leh Rodrigues
As horas já estavam correndo
O tempo era absoluto,
Parecendo um velocista olímpico.
A ansiedade turbinava a mente
E a chuva caia forte e
displicente,
Como se não houvesse mais nada
abaixo de si.
Na superfície nada fazia sentido,
Mesmo assim,
Sonhos se iam com a enxurrada
transbordante.
Todos se escondem embaixo de
marquises
Ou se aventuram sob as árvores das
ruas.
Relâmpagos e trovões são
prenúncios
De que o céu chora por nós.
E essa torrente de lágrimas ácidas
respinga em mim ao tocar o chão,
Eu me esquivo,
E não entendo o porquê do meu
gesto,
Essa água não faz mais
Do que expiar toda a sujeira do
meu corpo,
Todos os resíduos da minha alma
contaminada
Pelos fluxos de minhas entranhas.
Todos se afugentam buscando alguma
proteção dessa expiação celestial.
Mesmo sendo tão necessária,
Queria que fosse embora e desse
lugar ao aconchegante sol de maio.
Aquele que me aquecia nas frescas tardes
de outono.
Ela vai passar, ela está passando,
Ouço os últimos ecos dos trovões.
Ainda percebo os reflexos da
glória celestial riscando o firmamento,
Em busca do chão...
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