Onde Estão Os Vagalumes – Leh
Rodrigues
Para onde
foram os vaga-lumes que iluminavam as noites da minha inocência?
Parece que
estão se apagando,
Como se
apagam os sonhos de um futuro obscuro e cego de verdade.
Onde estão
os sorrisos infantis dos meus amigos de escola,
Que
brincavam ladeando as valetas abertas do bairro,
Enquanto
escutávamos o apito do trem chegando na estação do nosso subúrbio.
Onde estão
os vaga-lumes,
Que nos
escapavam das mãos e fugiam bruxuleantes,
Levando
embora a luz dos nossos sonhos incertos,
Para
dentro daquela mata ciliar?
Onde foram
parar aquelas luzes de nossa ingênua alegria?
Aprendi
que também os chamam de pirilampos,
Esses
mesmos que sobrevoavam os campos de nossa ilusão,
A ilusão de
que seríamos felizes para sempre,
De que o
amor jamais se apagaria em nossos corações.
Onde foram
parar aqueles olhos que emitiam raios de calor,
Que
queimava nosso peito com fogo?
Pra onde
foram nossos pais,
Que se
aqueciam em torno das brasas aconchegantes de uma fogueira amiga,
Enquanto
traçavam planos,
Sonhando
com nosso amanhã e,
Gabando-se
de nossos feitos infantes?
Onde
deitaram nossos velhos,
Que no seu
tempo, viam os vaga-lumes em profusão,
Como
lanternas voadoras,
Movidas por
uma energia fria e invisível?
Onde se
encontram esses minúsculos faróis,
Que nos
ajudavam a ver a vida com mais prazer?
Pois a
víamos como se o nunca fosse agora,
Como se
fosse embora, do mesmo modo como se foram os vaga-lumes,
Para um
outro lugar, tempo ou espaço,
Onde não
os poderemos mais vê-los e nem toca-los,
Onde não
poderemos mais sentir o frio de sua luz verde de esperança.
Porque não
vejo mais os lumes dos olhos daquela que me sorria as tardinhas,
Enquanto o
sol se esvairia timidamente.
Onde estão
os vaga-lumes,
Que não
mais me rodeiam naquele cirandar de luzes esmeraldas?
Por que se
apagam tantos sorrisos durante esses dias de sol?
Como a
vida é tão injusta com aqueles que espalham cores até mais que arco-íris,
E no
entanto não cruzam o firmamento,
Com aquele
falso espectro de luz.
Onde foram
parar aqueles vaga-lumes?
Que grande
escuridão fica na alma,
Iluminada
apenas pelas luzes amarelas desses postes,
Ou do
fluorescente neon dos letreiros que nos convidam ao consumismo,
A vender
nossas almas para alimentar a libido do doce capitalismo.
O que sobra
são luzes vermelhas das casas,
Luzes de
sangue que brotam dos corações feridos,
Pela
saudade daquele tempo que ficou para trás,
Junto com
a nossa inocência,
Junto com
os vaga-lumes que não vemos mais......
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