Leh Rodrigues

sexta-feira, 17 de março de 2017

Onde Estão Os Vagalumes - Leh Rodrigues

Onde Estão Os Vagalumes – Leh Rodrigues

Para onde foram os vaga-lumes que iluminavam as noites da minha inocência?
Parece que estão se apagando,
Como se apagam os sonhos de um futuro obscuro e cego de verdade.
Onde estão os sorrisos infantis dos meus amigos de escola,
Que brincavam ladeando as valetas abertas do bairro,
Enquanto escutávamos o apito do trem chegando na estação do nosso subúrbio.
Onde estão os vaga-lumes,
Que nos escapavam das mãos e fugiam bruxuleantes,
Levando embora a luz dos nossos sonhos incertos,
Para dentro daquela mata ciliar?
Onde foram parar aquelas luzes de nossa ingênua alegria?
Aprendi que também os chamam de pirilampos,
Esses mesmos que sobrevoavam os campos de nossa ilusão,
A ilusão de que seríamos felizes para sempre,
De que o amor jamais se apagaria em nossos corações.
Onde foram parar aqueles olhos que emitiam raios de calor,
Que queimava nosso peito com fogo?
Pra onde foram nossos pais,
Que se aqueciam em torno das brasas aconchegantes de uma fogueira amiga,
Enquanto traçavam planos,
Sonhando com nosso amanhã e,
Gabando-se de nossos feitos infantes?
Onde deitaram nossos velhos,
Que no seu tempo, viam os vaga-lumes em profusão,
Como lanternas voadoras,
Movidas por uma energia fria e invisível?  
Onde se encontram esses minúsculos faróis,
Que nos ajudavam a ver a vida com mais prazer?
Pois a víamos como se o nunca fosse agora,
Como se fosse embora, do mesmo modo como se foram os vaga-lumes,
Para um outro lugar, tempo ou espaço,
Onde não os poderemos mais vê-los e nem toca-los,
Onde não poderemos mais sentir o frio de sua luz verde de esperança.
Porque não vejo mais os lumes dos olhos daquela que me sorria as tardinhas,
Enquanto o sol se esvairia timidamente.
Onde estão os vaga-lumes,
Que não mais me rodeiam naquele cirandar de luzes esmeraldas?
Por que se apagam tantos sorrisos durante esses dias de sol? 
Como a vida é tão injusta com aqueles que espalham cores até mais que arco-íris,
E no entanto não cruzam o firmamento,
Com aquele falso espectro de luz.
Onde foram parar aqueles vaga-lumes?
Que grande escuridão fica na alma,
Iluminada apenas pelas luzes amarelas desses postes,
Ou do fluorescente neon dos letreiros que nos convidam ao consumismo,
A vender nossas almas para alimentar a libido do doce capitalismo.
O que sobra são luzes vermelhas das casas,
Luzes de sangue que brotam dos corações feridos,
Pela saudade daquele tempo que ficou para trás,
Junto com a nossa inocência,
Junto com os vaga-lumes que não vemos mais......

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