Mitra E Jano: Milenar Círculo Vicioso – Leh RodriguesMitra:Após um longo inverno,Cúmplice de uma escuridão implacável,Surge o Sol Invictus venerado desde os mais remotos espíritos.Mitra ocupará o coração que deveria ser dedicado ao verdadeiro rei.Mas a alegria de sua luz festiva,Compensa a profanação em nome da boa união familiar e,Do espírito de indulgência e da caridade.A hipocrisia moral então domina,As casas sinalizadas com azevinhos e as salas enfeitadas com árvores recheadas, Retratadas de reciprocidade egoísta.Como no carnaval,A moral já não importa desde que se focalize a distante figura do menino-deus.Basta que a efêmera felicidade seja a mãe do momento,Acalentando os filhos com leite adulterado e mel venenoso.E que a ilusão venha vestida de bom velhinhoOferecendo o colo em troca de presentes.Que o inanimado rei veja tudo e,Abençoe com sua bruxuleante luzAs nuvens da angústia sopradas na terra de um povo alienado,Que prefere o amargo da verdade primordial, ao doce sabor do excesso carnal.Que nesse dia de dezembroA estrela mágica alegre as mentes profícuas eMantenha cega a visão do que descansa no firmamento.Que tudo seja apenas hilaridade e diversão.Mesmo que a ressaca do novo dia os prepare para outro dia festivoE honrem outro deus, que se surgirá com a morte do velho ano.Jano:Tal novo dia festivoAplaca as dores estampadas em máscaras sorridentesQue escondem a realidade crua das ruas e sarjetasDos grandes e tecnológicos centros.A miséria torna-se uma verdade distante e alheia,Onde não encontra por ora espaço pra diálogos ou polêmicas.Demônios arrogam-se em anjos benfazejos,Que sovinamente diminuem um grão de infortúnio do cotidiano de alguém.Os indultos da indulgência imprudente transformam risos em choro.Mas a vida continua e o luto já não faz sentido.A festa cura-os de seus males como paliativos da dor.O juízo entorpece a razão embriagada,Com os excessos de um único dia dedicado a Jano,Guardião do renascimento do tempo que começa e termina a cada ano,Da vida que se esvai, dia-após-dia.O espírito festivo disfarça uma desumanidade evidente,Mascara uma maldade latente, do laicismo romano.Atos bondosos apelam para o espírito humano,Para que haja conscientização fundamentada,Nas expectativas que serão frustradas,Pelo esquecimento dos votos do velho ano,E pelas ansiedades que não serão apaziguadasPela devoção inconsciente a Jano,Que como sempre se manterá morto a entrada do portão do tempo,Até que seja invocado,Vivo apenas no espírito apóstata de um novo dia que começa a cada ano.Que os fogos de artifícios atendam aos seus ofíciosDe espantar os demônios de cada casa,Á medida que seus adoradores acordem ressacados para a vida real,Para um novo ano, que também será juntado a um circulo vicioso.
"Sou apenas alguém comum que se atreveu a expressar espontaneamente o que vai na alma" Hudson Alexandre Rodrigues
Leh Rodrigues
quinta-feira, 16 de março de 2017
Mitra e Jano - Milenar Círculo Vicioso - Hudson Alexande Leh Rodrigues
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