"Sou apenas alguém comum que se atreveu a expressar espontaneamente o que vai na alma" Hudson Alexandre Rodrigues
Leh Rodrigues
sábado, 18 de março de 2017
Duas Crianças - Leh Rodrigues
Duas Crianças - Leh Rodrigues
Hoje vi
duas crianças.
Nunca
tinham se visto, completamente estranhas,
Mas
conversavam como se fossem íntimas.
Seus
olhares se cruzavam
De modo
tão humanamente inocentes.
As
palavras trocadas eram doces e sem conceitos.
Então
percebi o quanto estou distante das pessoas,
Vi naquela
inocência,
O abismo
entre eu e o resto do mundo.
Queria ser
como as crianças,
Sem medo
de olhar nos olhos,
Sem medo
de ver o coração da pessoa ao meu lado.
Queria ser
a pureza daqueles olhos de inocência,
Que não vê
a maldade no sorriso das pessoas.
Queria ser
o sorriso na face sofrida de alguém.
Vi
naquelas crianças, o que não vejo ao olhar o espelho.
Minha
indiferença mata o que há de bom em mim.
Eu não
entendo esse ser,
Que se
limita a ver a beleza humana
Existente
naqueles que passam por mim,
Que não
são recompensados pelo sorriso que oferecem.
O coração
endurece
Com o que
há de mais moderno em nossa existência.
Cria
resistência ao amor,
Como se um
olhar fosse doença,
Como se o
sorriso fosse ofensivo,
Como se o
toque fosse uma afronta,
Como se
todo gesto gentil, fosse uma ameaça.
Queria ser
aquele momento infantil,
Sem essa
vil sensação de medo e frio na alma.
Queria ser
um pouco daqueles minutos
Tão
distantes de minha vida real,
De meu dia
normal.
Elas
estavam tão longe dessa normalidade torpe,
E eu
queria continuar lá
Só
assistindo aquele lindo momento,
Em que a
vida ensina a viver....
sexta-feira, 17 de março de 2017
Onde Estão Os Vagalumes - Leh Rodrigues
Onde Estão Os Vagalumes – Leh
Rodrigues
Para onde
foram os vaga-lumes que iluminavam as noites da minha inocência?
Parece que
estão se apagando,
Como se
apagam os sonhos de um futuro obscuro e cego de verdade.
Onde estão
os sorrisos infantis dos meus amigos de escola,
Que
brincavam ladeando as valetas abertas do bairro,
Enquanto
escutávamos o apito do trem chegando na estação do nosso subúrbio.
Onde estão
os vaga-lumes,
Que nos
escapavam das mãos e fugiam bruxuleantes,
Levando
embora a luz dos nossos sonhos incertos,
Para
dentro daquela mata ciliar?
Onde foram
parar aquelas luzes de nossa ingênua alegria?
Aprendi
que também os chamam de pirilampos,
Esses
mesmos que sobrevoavam os campos de nossa ilusão,
A ilusão de
que seríamos felizes para sempre,
De que o
amor jamais se apagaria em nossos corações.
Onde foram
parar aqueles olhos que emitiam raios de calor,
Que
queimava nosso peito com fogo?
Pra onde
foram nossos pais,
Que se
aqueciam em torno das brasas aconchegantes de uma fogueira amiga,
Enquanto
traçavam planos,
Sonhando
com nosso amanhã e,
Gabando-se
de nossos feitos infantes?
Onde
deitaram nossos velhos,
Que no seu
tempo, viam os vaga-lumes em profusão,
Como
lanternas voadoras,
Movidas por
uma energia fria e invisível?
Onde se
encontram esses minúsculos faróis,
Que nos
ajudavam a ver a vida com mais prazer?
Pois a
víamos como se o nunca fosse agora,
Como se
fosse embora, do mesmo modo como se foram os vaga-lumes,
Para um
outro lugar, tempo ou espaço,
Onde não
os poderemos mais vê-los e nem toca-los,
Onde não
poderemos mais sentir o frio de sua luz verde de esperança.
Porque não
vejo mais os lumes dos olhos daquela que me sorria as tardinhas,
Enquanto o
sol se esvairia timidamente.
Onde estão
os vaga-lumes,
Que não
mais me rodeiam naquele cirandar de luzes esmeraldas?
Por que se
apagam tantos sorrisos durante esses dias de sol?
Como a
vida é tão injusta com aqueles que espalham cores até mais que arco-íris,
E no
entanto não cruzam o firmamento,
Com aquele
falso espectro de luz.
Onde foram
parar aqueles vaga-lumes?
Que grande
escuridão fica na alma,
Iluminada
apenas pelas luzes amarelas desses postes,
Ou do
fluorescente neon dos letreiros que nos convidam ao consumismo,
A vender
nossas almas para alimentar a libido do doce capitalismo.
O que sobra
são luzes vermelhas das casas,
Luzes de
sangue que brotam dos corações feridos,
Pela
saudade daquele tempo que ficou para trás,
Junto com
a nossa inocência,
Junto com
os vaga-lumes que não vemos mais......
quinta-feira, 16 de março de 2017
Mitra e Jano - Milenar Círculo Vicioso - Hudson Alexande Leh Rodrigues
Mitra E Jano: Milenar Círculo Vicioso – Leh RodriguesMitra:Após um longo inverno,Cúmplice de uma escuridão implacável,Surge o Sol Invictus venerado desde os mais remotos espíritos.Mitra ocupará o coração que deveria ser dedicado ao verdadeiro rei.Mas a alegria de sua luz festiva,Compensa a profanação em nome da boa união familiar e,Do espírito de indulgência e da caridade.A hipocrisia moral então domina,As casas sinalizadas com azevinhos e as salas enfeitadas com árvores recheadas, Retratadas de reciprocidade egoísta.Como no carnaval,A moral já não importa desde que se focalize a distante figura do menino-deus.Basta que a efêmera felicidade seja a mãe do momento,Acalentando os filhos com leite adulterado e mel venenoso.E que a ilusão venha vestida de bom velhinhoOferecendo o colo em troca de presentes.Que o inanimado rei veja tudo e,Abençoe com sua bruxuleante luzAs nuvens da angústia sopradas na terra de um povo alienado,Que prefere o amargo da verdade primordial, ao doce sabor do excesso carnal.Que nesse dia de dezembroA estrela mágica alegre as mentes profícuas eMantenha cega a visão do que descansa no firmamento.Que tudo seja apenas hilaridade e diversão.Mesmo que a ressaca do novo dia os prepare para outro dia festivoE honrem outro deus, que se surgirá com a morte do velho ano.Jano:Tal novo dia festivoAplaca as dores estampadas em máscaras sorridentesQue escondem a realidade crua das ruas e sarjetasDos grandes e tecnológicos centros.A miséria torna-se uma verdade distante e alheia,Onde não encontra por ora espaço pra diálogos ou polêmicas.Demônios arrogam-se em anjos benfazejos,Que sovinamente diminuem um grão de infortúnio do cotidiano de alguém.Os indultos da indulgência imprudente transformam risos em choro.Mas a vida continua e o luto já não faz sentido.A festa cura-os de seus males como paliativos da dor.O juízo entorpece a razão embriagada,Com os excessos de um único dia dedicado a Jano,Guardião do renascimento do tempo que começa e termina a cada ano,Da vida que se esvai, dia-após-dia.O espírito festivo disfarça uma desumanidade evidente,Mascara uma maldade latente, do laicismo romano.Atos bondosos apelam para o espírito humano,Para que haja conscientização fundamentada,Nas expectativas que serão frustradas,Pelo esquecimento dos votos do velho ano,E pelas ansiedades que não serão apaziguadasPela devoção inconsciente a Jano,Que como sempre se manterá morto a entrada do portão do tempo,Até que seja invocado,Vivo apenas no espírito apóstata de um novo dia que começa a cada ano.Que os fogos de artifícios atendam aos seus ofíciosDe espantar os demônios de cada casa,Á medida que seus adoradores acordem ressacados para a vida real,Para um novo ano, que também será juntado a um circulo vicioso.
quarta-feira, 15 de março de 2017
terça-feira, 14 de março de 2017
Cíclico - Leh Rodrigues
Cíclico
– Leh Rodrigues
O princípio do homem é muito singelo e ao mesmo tempo
assombroso.
Uma química romântica,
Um encontro apaixonado de gametas que dá início à vida.
É um processo misterioso, complexo,
Que mesmo as mais sábias mentes entre nós se confundem ao
explicar.
Ínfima saga que discorre no livro da vida e determina forma,
Características e personalidade de uma minúscula célula.
Dentro do cronograma pré-estabelecido,
Um ser vivo, inteligente flutua consciente num mar amniótico
de incertezas,
Protegida pelas doces águas de uma redoma,
Uma fortaleza hídrica e delicada,
Como um peixe num aquário escuro
Que se agita tranquilo na ânsia de perpetuar seu lugar.
Mas, há sons externos,
Há algo mais lá fora e que precisa ser explorado.
A luz brilha fora desse aquário.
É preciso mesmo sair?
Alguém dará à luz ao ser ou apenas o irá expor à verdadeira
escuridão?
Uma gigantesca força natural ou uma fenda nas entranhas a
ser suturada,
E a vida sendo expelida, o expulsa de seu abisso mundo.
A luz ofusca ao sair.
Um desconforto e uma dor.
É preciso chorar para começar a viver.
Eis o real ponto de partida!
Nos braços maternos a progênie, um futuro.
Um livro por ser escrito.
Agora começa uma relação normal ou... bizarra.
Relação de amor e ódio,
Proteção e descaso, carinho e indiferença,
De lições e silêncio, de justiça e violência,
De ontem e amanhã.
A saída, ou quem sabe a fuga do lar,
Um novo começo em outro lugar.
O ser busca a si mesmo,
E tenta conhecer-se, afinal, ele veio da escuridão para a
luz.
Ou da luz para a escuridão?
Seu vazio é preenchido de modo a revelar o caráter e sua
origem.
Na busca da resposta encontra seu oposto
E se torna uma instituição.
Então volta ao princípio, ao ponto de partida,
E começa tudo de novo, do mesmo jeito:
Ínfimo, singelo e milagrosamente assombroso!
A Mulher, O Tempo, A Partida - Leh Rodrigues
A
Mulher, O Tempo, A Partida - Leh
Rodrigues
Por
que o céu escureceu?
A
lua não ouve mais seus elogios
E o
sol bruxuleante chora
Na
mesma hora em que nosso peito fica vazio
Onde
estão os teus risos agora?
Sempre
foi senhora de tua casa e de tua razão
Cadê
mãe teus exuberantes vestidos e enfeites
O
deleite nas danças de salão?
Teu
amado já não sente teu abraço
Nem
o calor do teu corpo em comunhão
Como
é frio o quarto implacável
Onde
a luz só concebe escuridão
Porque
deixa chorar as flores de teu jardim?
Por
que não acende enfim o teu fogão?
Que
falta é essa que dói em nosso peito
E
até nos pêlos de seu bicho de estimação?
O
vento terá saudade de esvoaçar suas cãs
Nossas
manhãs não terão mais seu orvalho
Sentiremos
os desejos na ternura em tuas mãos
As
árvores da retidão lembrarão os teus trabalhos
A
vida cobrou seu tributo
O
tempo exigiu seu quinhão
Mas
o amor não será passageiro
Do
primeiro ao último rebentão
Vai
como folha ao sabor do vento
A ditadura
do tempo não é o que te importa
No
apagar das luzes sonha um futuro
Que
jamais fechará p’ra você sua porta
Escolheu
esse dia o tempo
Seu
momento natural do ser
Sai
de cena e encena uma história
Na
memória do divinal querer
A Mulher, O Tempo, Uma Vida - Leh Rodrigues
A Mulher, O Tempo, Uma Vida - Leh Rodrigues
E
você veio como brisa suave
Como
ave que voa no meio do céu
Protetora
de seu ninho
Alimento
de carinho e mel
Amou
tão intensamente os seus
E de
Deus não cobrou nada
Só
amou e foi amada
Ao
percorrer sua longa estrada
Nunca
lamentou dias ruins
E dos
rins só veio profunda emoção
No
rosto sempre um sorriso
Seu
compromisso com a compaixão
Não
pediu mais do que podia ter
Bastou-se
no viver de seu amado
E
quando a vida lhe exigia mais
Devolvia
em paz o preço cobrado
Não
se deixou intimidar pelo medo
Foi
maior que seu ledo coração
Na
dor guardou teus segredos
Com
mestria viveu sua paixão
Lindos
são os seus cabelos
Em sua
seda melanina
Nos
teus olhos a íris radiante
Não
deixou tão distante teu viço de menina
Vó,
mãe, mulher, mais menina
Feminina
da boa vaidade que explora
Os
cantos de teu lamento é uma história
Linha
divisória do ontem triste e dessa hora
Deu-nos
um legado de vida amor e perdão
E uma
lição para dias de esperança
Lembra-nos
que é preciso crescer
Não
dá pra retroceder aos dias de criança
E
você viaja na brisa suave
Como
plumas do tempo que avança
E a
vida como num salão de festa
Diz
que ainda resta a última dança
A Jornada de Jacó - Leh Rodrigues
A
Jornada de Jacó - Leh Rodrigues
No ventre de Rebeca
Há uma predestinada nação
Aflitiva é a notícia
Do conflito de irmão
Ao nascer este menino
Ocorre algo de se estranhar
Saiu após o vermelho
Segurando-o pelo calcanhar
Cresceu o infante inocente
Em ardente e materno amor
Tornou-se homem inculpe
Agradou seu Criador
Negociou com o caçador
O seu caldo suculento
Comprou a herança sagrada
Alcançada com intento
Chegou o devido tempo
De a benção receber
Conduziu seu cego pai
Que lhe deu sem o saber
A primogenitura e uma promessa
Nessa vida se cumprirá
Um futuro em glória
Nem a escória impedirá
Fugiu de seu lar
Longe da fúria e do rancor
Na busca de sua vida
Encontrará o seu amor
A caminho de seu destino
Parou para pernoitar
E num sonho maravilhoso
O céu foi avistar
Uma escada interjacente
Entes em passarela angelical
A benção paterna é lembrada
Na promessa celestial
Será sua essa terra
Não antes de beber o fel
Por ora este solo sagrado
Será chamado de Betel
Viagem longa, corpo cansado
Ávido espírito, mente sã
Estranho numa terra
Denominada Harã
Junto a um poço
Nas regiões orientais
O encontro com a mulher
Que não esquecerá jamais
A bela silhueta
Da moça com o véu
Encantadora, idílica
Linda flor, era Raquel
Esqueceu o cansaço
Ao ver a filha de Labão
Rolou do poço a enorme pedra
Com a força do coração
No rosto, o beijo inocente
Que o fez se apaixonar
Fez daquela casa, daquela gente
Sua gente, seu novo lar
Em um mar de emoções
Viveu como uma ilha
Sentiu-se ludibriado
No seio dessa família
Naquele tempo difícil
Chegou sem ter nada
Quatorze anos de trabalho
Casou-se com sua amada
Jeová é Deus de verdade
De sua promessa tinha ciência
Tornou fértil o estrangeiro
Dando-lhe a sua descendência
Trabalhou duro, com afinco
Impressionante sua destreza
Aprovado por seu Deus
Aumentou sua riqueza
Recebeu a ordem divina
‘Volta para teus pais’
E para este país
Não voltou nunca mais
Deixou p’ra trás o sírio
Avançou com muito afã
Seguiu a longa jornada
O caminho de volta à Canaã
Sob a proteção das estrelas
Com Edom foi se encontrar
A cisma do vermelho
O presente vai aplacar
Engalfinhou-se com um anjo
No lugar de Peniel
Com a coxa deslocada
O nome agora é Israel
Tragédias em sua vida
Antes de Betel, em Siquém
Tristeza, uma dor profunda
Seu amor sepultado em Belém
Foi para Hébron
Onde o consolo se esvai
Enterrou na sua angústia
Seu amado e idoso pai
Tribulação entre os doze filhos
Como se havia predito
Sofrimento e desespero
O conduziram ao Egito
Distante de sua promessa
Nas mãos de um Faraó
Adormece o precioso
O contencioso Jacó
Foi enterrado em Canaã
A terra que mana leite e mel
Ali residirão seus filhos
Sua vasta prole Israel
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