A
Mulher, O Tempo, A Partida - Leh
Rodrigues
Por
que o céu escureceu?
A
lua não ouve mais seus elogios
E o
sol bruxuleante chora
Na
mesma hora em que nosso peito fica vazio
Onde
estão os teus risos agora?
Sempre
foi senhora de tua casa e de tua razão
Cadê
mãe teus exuberantes vestidos e enfeites
O
deleite nas danças de salão?
Teu
amado já não sente teu abraço
Nem
o calor do teu corpo em comunhão
Como
é frio o quarto implacável
Onde
a luz só concebe escuridão
Porque
deixa chorar as flores de teu jardim?
Por
que não acende enfim o teu fogão?
Que
falta é essa que dói em nosso peito
E
até nos pêlos de seu bicho de estimação?
O
vento terá saudade de esvoaçar suas cãs
Nossas
manhãs não terão mais seu orvalho
Sentiremos
os desejos na ternura em tuas mãos
As
árvores da retidão lembrarão os teus trabalhos
A
vida cobrou seu tributo
O
tempo exigiu seu quinhão
Mas
o amor não será passageiro
Do
primeiro ao último rebentão
Vai
como folha ao sabor do vento
A ditadura
do tempo não é o que te importa
No
apagar das luzes sonha um futuro
Que
jamais fechará p’ra você sua porta
Escolheu
esse dia o tempo
Seu
momento natural do ser
Sai
de cena e encena uma história
Na
memória do divinal querer
Nenhum comentário:
Postar um comentário