Leh Rodrigues

terça-feira, 14 de março de 2017

A Mulher, O Tempo, A Partida - Leh Rodrigues

                               

                                A Mulher, O Tempo, A Partida  - Leh Rodrigues

Por que o céu escureceu?
A lua não ouve mais seus elogios
E o sol bruxuleante chora
Na mesma hora em que nosso peito fica vazio

Onde estão os teus risos agora?
Sempre foi senhora de tua casa e de tua razão
Cadê mãe teus exuberantes vestidos e enfeites
O deleite nas danças de salão?

Teu amado já não sente teu abraço
Nem o calor do teu corpo em comunhão
Como é frio o quarto implacável
Onde a luz só concebe escuridão

Porque deixa chorar as flores de teu jardim?
Por que não acende enfim o teu fogão?
Que falta é essa que dói em nosso peito
E até nos pêlos de seu bicho de estimação?

O vento terá saudade de esvoaçar suas cãs
Nossas manhãs não terão mais seu orvalho
Sentiremos os desejos na ternura em tuas mãos
As árvores da retidão lembrarão os teus trabalhos

A vida cobrou seu tributo
O tempo exigiu seu quinhão
Mas o amor não será passageiro
Do primeiro ao último rebentão

Vai como folha ao sabor do vento
A ditadura do tempo não é o que te importa
No apagar das luzes sonha um futuro
Que jamais fechará p’ra você sua porta

Escolheu esse dia o tempo
Seu momento natural do ser
Sai de cena e encena uma história
Na memória do divinal querer




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