Leh Rodrigues

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Delta Sagrado

 

Delta Sagrado – Hudson Alexandre Rodrigues

 

Bebo água roubada de tua rosa,

Perdido na volúpia de teu delta sagrado.

O néctar do teu corpo de mel e sal

Me embriaga, entorpece os sentidos,

 

Me leva para mundos desconhecidos da razão.

Paixão vassala que assola minha terra em juízo.

Encontro do sagrado e do profano.

Do incauto e do insano.

 

Depois a calmaria inconsciente do gozo,

A paz imerecida que só é possível

No deleite inculpe da culpa imposta pela consciência.

 

Há na umidade do meu sonho

A tua imagem nua entregue ao acaso do meu desejo.

Há um beijo quente que aquece minha língua fria,

Nas águas quentes de sua libido.

 

Há um lugar de mistério há ser desvendado,

Um ponto secreto a ser encontrado

Entre as matas de tuas colunas ansiosas por espasmos

Que te levam ao paraíso

 

Enquanto eu vivo o tormento

De não beber novamente a água de tua rosa

Que viceja no delta escondido dos meus olhos.

 

Há o encanto na maciez de tua tez

Como a pura seda que veste as cortesãs

Nas manhãs de meus devaneios.

Há um santo corrompido em mim..

domingo, 5 de março de 2023

Reflexão da Loucura

 

Reflexão da Loucura – Hudson Alexandre


Há tanto caos, tantas perguntas sem respostas.

Tenho olhado para o céu e não vejo nada

Deus é único ou fruto da mente humana,

Ou formação de seres interplanetários milenares?

Dediquei-me tanto à busca da luz e me encontro

Em total escuridão

De onde virão as respostas?

Dos pássaros que sobrevoam a sacada do meu apartamento?

Desse céu lívido e cinzento, que esconde seres desconhecidos de nosso cotidiano?

Tudo é tão escuro em pleno zênite!

Onde mora a bondade humana? Onde se esconde a maldade perversa da hipocrisia?

Por que a verdade se intimida diante do caos ameaçador?

Por que meus ouvidos estão surdos ante a misteriosa canção dos enaltecidos?

Meus olhos estão cegos, não consigo enxergar o paraíso utópico dos otimistas.

Minha mente reflete apenas a loucura da realidade desse mundo absurdo.

Que estrada é essa, onde caminho com passos entorpecidos de razão e medo?

Eu miro o horizonte com meu olhar perdido e indiferente na busca inconstante de algo que não me é nada familiar

Na minha crise, já não sei o que sou, onde estou nessa manifestação crítica entre deuses e homens.

Nesse louco litigio entre razão e coração

Não sei se essa terra faz sentido ou se mundos paralelos se espelham em portais dimensionais

Só sei que a vida está passando depressa demais para se metabolizar o presente.

O tempo voa em meio a um vento tempestuoso que vem do mar me tirando dos trilhos.

Na minha mente embriagada de ignorância, o sol da tarde é lindo, mesmo entre nuvens carregadas.

Até quando o céu se fará de surdo para a nossa desesperança?

Quem nos salvará dessa ignominia insegurança, onde mente e coração são dois lados de um conflito universal?

Onde o mal impera sobre um amor tímido plantado no coração de poucos

É uma existência em que poetas cantam endechas que ninguém ouve

Os sábios se perdem na sua sabedoria, os loucos emanam de sua loucura e os tolos brotam como erva daninha.

Que mundo é esse onde a liberdade não tem voz e a insanidade é soberana no coração de homens corruptos?

Onde o verde da natureza ruboriza com o sangue da falta de luz

A luz que liberta, a luz que desperta no coração de quem repudia a dominação de líderes que invocam poderes de algo que eles desconhecem.

Tudo é caos e escuridão

Ainda assim, a chuva rega espíritos livres que são martirizados pela censura de escravos medíocres que desconhecem o próprio destino

Se Deus está no alto assistindo a tudo isso, por que não salva essas almas perdidas e nos aponta o caminho?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Luz Do Infinito Amor – Hudson Alexandre

                                                 

Até te conhecer não sabia o que era amor, 

Não sabia amar na plenitude

Tanta carência amiúde, de seu colo, 

De sua atenção, do seu sorriso largo e lindo


Dos seus passos vindos em minha direção,

Na lindeza desse seu coração plácido e sofrido

Você, uma luz de infinito amor


Nas lágrimas em seu olhar, vi um lago lunar

E ao te amar me afoguei de prazer

E nessas águas de sal me lavando todo o mal

Me vi renascer


Teu passado rico e tão doído

Foi a cura da minha alma

E a calma de todo o meu ser


O fruto de teu ventre

Me deu mente e direção

Me refaço em poesia

Te ofereço minha canção


O tempo avança no infinito

Vai nos levando rumo ao amanhã

Mas o meu presente pra você

Será doce a cada manhã


E as minhas palavras doces ao vento

Dia após dia, ano após ano

Ecoará em teus ouvidos

Eu te amo

 








domingo, 16 de fevereiro de 2020

Canção de Um Velho Poeta Na Praça da Ilusão - Leh Rodrigues

Canção de Um Velho Poeta Na Praça da Ilusão - Leh Rodrigues



Enquanto pessoas andam por aí
Sem rumo, buscando um sentido para as suas vidas
Eu aqui sonho ao som da canção de um poeta
Alimentando pombos, na praça da ilusão

A burguesia vai engordando seu ventre,
Enquanto nos faróis da cidade,
Crianças mendigam uns trocados
Para sobreviver ao abandono

Os barões das favelas
Assumem o papel da administração coletiva
Dobrando a cerviz da comunidade
Se impondo pelo terror

Gente e animais disputam comida
Nas latas de lixo de um beco qualquer
Saciando-se como vermes
Em um corpo sem fé

E os homens do comando irracional
Discutem seus "míseros" proventos,
Enquanto os sonhos de minha gente
Voam pelos ventos da indiferença política...

Os doutores se impõem como deuses
À custa de presentes e honorários,
Sem horário nem compaixão
Das vítimas do serviço público

Enquanto isso os consoladores do espirito
Deixam cegar-se pelo puritanismo
Vestem-se do relativismo
Do poder dos maiorais,

Preocupados com seus status religioso,
Enganam salmodiando salvação e alegria,
Quando eles mesmos estão até o pescoço
Atolados no tártaro da demagogia

Homens ferozes e fardados
Contam vidas como troféus de um jogo atroz
E rufiões se sustentam com corpos em dívida
Que se vendem por uma migalha de vida

Enquanto vejo tudo isso por aí
Eu aqui
Sonho ao som da canção
De um poeta alimentando pombos, na praça da ilusão


sábado, 15 de fevereiro de 2020

Dance - Leh Rodrigues

   Dance - Leh Rodrigues

Dance na ciranda do tempo,
Rodopiando ao sabor da canção da vida.

Dance com as estrelas sob o olhar da lua cheia,
Quando a escuridão teme o raiar do dia.

Dance como as crianças na inocência dos seus movimentos,
Com a ingenuidade de seu momento.

Dance ao sabor dos ventos de agosto,
Quando cães loucos ladram ao infinito.

Dance com seus fantasmas,
Enquanto assombram sua alma de ódio.

Dance com as nuvens,
Na ilusão das imagens que te maravilham os olhos.

Dance sem medo,
Sem dor ou segredo.

Dance na correnteza dos rios,
Serpenteando as pedras no cio.

Dance no movimento das ondas salgadas
Enquanto a natureza entoa uma canção sagrada.

Dance pelos mortos que te amaram
E pelos corpos que nunca te tocaram.

Dance com mendigos e cortesãs,
Entre anjos e demônios de noite até manhã.

Dance em pesadelos e sonhos,
Entre Marias e Antonios.

Dance como se fosse do cosmo o último dia,
Como se a última dança fosse sua despedida.

Dance comigo antes que morra a canção
E o tempo silencie por completo o meu coração....

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Delírio no Outro Lado do Éden – Leh Rodrigues


Delírio no Outro Lado do Éden – Leh Rodrigues


Da minha essência fiz nascer o sol
E um brilho de arrebol nos olhos seus
Te dei o paraíso, a perfeição e coração.
Te dei tudo menos o que era meu

Te deu o céu como abrigo
E seu corpo se vestia de pureza
Até quando vou me dobrar aos seus delírios?
Sinto meu corpo ácido

Quatro rios que corriam
Saciavam a sede do seu lar
Á noite te ofertava a lua,
Era sua em cada luar

A lua lhe ofertou suas pérolas de vidro
Como usura pela tua beleza.
E toda a sua vítrea formosura
Refletiu a tua pura e doce natureza

As estrelas diante de tua glória
Se curvaram como damas de companhia
As flores aspiravam sua pele
Fosse o dia sua noite ou a noite o seu dia

Das fontes do delta até o umbigo
Seu corpo vesti de pureza
O céu te dei como abrigo,
Há cada manhã haveria uma certeza

No jardim da vida
Tudo era festa de existência
No meio da obra de um Deus Rei
Havia a tentação da ciência

O belo se conformava a sua silhueta
Por todo o lado o paraíso
Em cada canto, havia um canto
Que encantava seu sorriso

As cores primárias a sua volta
Eram verdes, azul e amarela
Seus olhos, cabelos e tez
Eram parte dessa aquarela

Te dei as riquezas da minha alma
Te dei o infinito e todo ouro de Ofir,
Cantei versos de poesia  
E nem assim quis me ouvir

Então um sussurro de serpente
Que de tão atraente tomou conta do ar
Deslizando pela árvore da vida
Te prometeu o que não pude dar

Tanto a descobrir,
Tanto para desejar
Essa sombra te fez ver
O que ninguém podia enxergar

Então o doce se fez amargar
Teus olhos seduzidos se apagaram,
Como uma folha da árvore da vida
Caída no outono, seus sonhos secaram

E no leste da entrada,
Há poder de querubim
Uma espada chamejando
Te libertou do meu jardim

Espinho é o que te resta
Nesse vale de abrolhos.
Onde o amor mais puro
Já não contempla os seus olhos  

O doce fruto de sua ambição
Desceu pela minha garganta como absinto
Agora eu sinto do meu infinito
Tua eterna ausência





A Outra Rosa - Leh Rodrigues




                                                   
        
    
A Outra Rosa - Leh Rodrigues









Que o dia venha como açoite
Levando a noite
A fugir do coração
Que esse dia seja de luz
E compreensão

E o amor não se sinta banido
Como bandido feroz e voraz
Que a infame rosa pereça 
Nos campos da paz

Vamos juntos
Plantar a rosa da paz
Já é hora
De matar a rosa fugaz

Com amor no peito
Ela não brotará jamais
Agora é hora
De cultivar a outra rosa

Que o ódio seja fugitivo
Levando consigo
A dor e o sofrer
E um anjo nos mostre
O jardim em que se deve viver

O homem que vive aflito
Fuja do conflito
Da rosa de gás
E plante somente sementes 
Da rosa de paz

Lutem pela paz
Vivam pela paz
Já é hora
De deixar brotar
A outra rosa

Vem cultivar a outra rosa
Deixa brotar a outra rosa